sábado, 31 de março de 2012

Primeiro dodói feio.

Toda mãe e pai sabe que esse dia vai chegar, a gente simplesmente espera que não chegue nunca. É por isso que a gente se antecipa e proteje os filhos das escadas, das tomadas, das coisas pequenas jogadas no chão. Neste último mês foi tudo o que fizemos, reorganizamos a casa, colocamos as coisas perigosas para o alto, colocamos portõezinhos nas escadas... mas mesmo com todo cuidado que a gente toma não tem como evitar que esse dia chegue.

Você estava de pé segurando na mesa e a mamãe estava atrás de você te amparando. O papai estava tirando fotos porque você estava soltando gritinhos e sorrindo de felicidade, fazendo as caras mais lindas. Algumas vezes você se soltou e a mamãe segurou, mas dessa vez você bateu o queixinho e mordeu a língua.

Como se explica pro bebê abrir a boca pra mamãe ver onde foi o dodói? Como se explica que ele chupe o gelo que vai melhorar? Então a gente se lembra de já ter mordido a língua uma vez na vida, que sangra muito mas que não tem como dar ponto, que dói muito mas que uma hora pára de sangrar, e só fica junto. Dá o gelinho, segura no colo, brinca um pouco, distrai o nenê. E assim passamos pelo primeiro dodói feio que deixou a primeira cicatriz no nosso coração.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Para o infinito e além!

A casa está passando por uma transformação, você está cada dia mais rápido, atravessa o quarto em um piscar de olhos e não dá mais pra tirar os olhos de você. Quando eu vi você já tinha chegado no corredor, no banheiro em um segundo! Está de olho em tudo que está ao seu alcance e por isso o papai e a mamãe estão repensando o lugar das coisas. A lavanderia vai ganhar armário, a casa precisa estar em ordem. Além disso você agora quer agito e a mamãe não pára mais! Estou sentindo uma nova fase se iniciando...

Temos colocado você de pé e você fica se segurando. Já vi algumas vezes você tentando levantar sozinho, acho que em poucos dias isso vai acontecer. Hoje eu te deixei no berço, deitado, e fui fazer alguma coisa. Você chorou, não queria dormir, não queria ficar lá, na verdade você não quer mais ficar em lugar nenhum e sim em todos ao mesmo tempo! Só sei que minutos depois, quando eu voltei, você estava sentado. Eu tive de olhar duas vezes pra pensar como isso tinha acontecido. Você sentou sozinho.

Que sensação de céu aberto ver o meu bebê ganhando o mundo. Se colocando no mundo. E quando começa a dar um aperto na garganta de pensar que essa fase de bebê está terminando o papai me lembra de que virão novas fases, novas delícias e que, assim como um dia eu pensei que não queria perder a sensação de você mexendo dentro da minha barriga, hoje me surpreendo com o seu crescimento e me divirto muito mais do que quando ainda não conhecia seu rostinho.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ábua!

Eu pensei que um belo dia você iria olhar pra mim e me dizer alguma coisa. Qualquer coisa. Já até sonhei com isso algumas vezes, sonhei que sua primeira palavra seria "Bom dia". Mas na verdade em dezembro meu avô, seu biso Levy, disse: "Ele já está falando só que a gente não entende". Naquela época você emitia todo tipo de som e tinha vezes que parecia mesmo uma longa conversa. Mais parecia mesmo que você falava sozinho.

No entanto, neste último mês eu tenho notado que no lugar das longas conversas você tem dito "palavras". E tendo repetido essas palavras sempre no mesmo contexto elas passaram a ganhar sentido. Já tinha reparado que quando os cachorros latiam você olhava na direção deles e dizia "Pu" ou "Bu". A vovó Celina notou que no final da mamadeira você dizia "Bô". Eu ouvi você falar "bô" um dia quando eu desliguei a televisão. Sem contar alguns sons que você imitou logo depois que falamos. Num dia de futebol você repetiu "Égô" depois do locutor falar "é golll" várias vezes na tevê.

Mas hoje eu me convenci: Eu estava dando a sopinha e te ofereci água. Percebi que seus olhos se moveram imediatamente em direção ao seu copinho e me dei conta de que você tinha entendido o que eu disse. Te dei a água e você tomou. Quando coloquei o copo na mesa você disse "ábua". Peguei de novo o copo e você vez festa. Disse um monte de sílabas parecidas com essas e pareceu contente com o sucesso do seu comunicado.

Você tem tentado se levantar. Quando te coloco de pé você segura em algum lugar e fica. Às vezes tenta dar um passo. Às vezes cai. Se arrasta e rapidamente alcança o que você quer. Olha curioso pra tudo, pra todos. E como você é carinhoso. Você beija, faz carinho. Parece começar a entender agora que puxar cabelo machuca. Me olha quando eu digo que não pode. Procura o papai ou a mamãe quando chega alguém novo como se perguntasse pra gente "Tudo bem?". Começou a dançar agora. Aproveita a música, faz festa. E assim todos os dias eu acordo e te olho na babá eletrônica, antes mesmo de me levantar da cama, ansiosa pelo novo dia que se inicia ao seu lado.