sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O sonho


João, hoje me lembrei de tantas vezes que sonhei com você enquanto você ainda estava na minha barriga, acho que até contei pra uma amiga. Você era careca, talvez porque eu tinha a referência do seu pai quando era pequeno, com a cabeça lisa e o sorriso largo, ou então porque, sabe-se lá dos mistérios dessa vida, já soubesse de você. Mas um sonho em particular invadiu minha lembrança e reforçou essa última ideia: você levava sustos como, de fato, os leva com pequenos barulhos.

Me lembrei disso hoje quando acendi o fogão, enquanto você embalava um soninho ao som do exaustor, e você acordou num susto com o estalo do acendimento elétrico. Como pode, com todo aquele barulhão, se assustar com um estalo? Foi então que o sonho me voltou à lembrança: a notícia de um pequeno, assustado com tudo, de quem eu teria de tomar conta. Na época, eu me lembro, tive a certeza de que não se passava de medo de mãe de primeira viagem. E provavelmente era. Mas hoje... ahhh!!! Hoje deixei-me levar por uma pitadinha de mágica.

Mamãe

- Mamãe não me desame, não me desmame!

- Claro que não, Jaunzinho! E você também não me desame.
Diz "mami", que seja, feito filme americano. Só me chame, sempre e como for, que amor nunca chama pelo nome.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O compêndio da chupeta

Eu chupei o dedo até os 11 anos de idade, só para dormir. Decidi parar por conta própria quando coloquei aparelho nos dentes, não só porque achava que não fazia sentido continuar chupando o dedo enquanto consertava os dentes, mas também porque o aparelho machucou meu dedo as vezes que eu tentei continuar com esse hábito...

Depois de adulta sempre simpatizei mais com as crianças que chupavam o dedo do que a turma da chupeta, o dedo sempre me pareceu mais natural.

No curso de gestantes tivemos uma palestra com uma dentista que passou horas declarando ódio às chupetas, mostrando fotos de dentinhos de leite em forma de arco. Ao final da palestra perguntei se então era melhor deixá-los chupar o dedo e então a dentista disse que, entre dedo e chupeta, a chupeta era melhor (depois de tudo aquilo!!!), pois o dedo não dava pra jogar no lixo depois de uma certa idade. E, aparentemente, o dedo também pode modelar os dentes em forma do famigerado arco.

Conversando com a pediatra a orientação foi de observar se o bebê escolhia um dedo pra chupar (por enquanto o João chupa todos ao mesmo tempo) e que, se isso acontecesse, a gente podia dar a chupeta. A pediatra ainda acrescentou que nem todos os bebês aceitam a chupeta, que a própria filha dela escolheu o dedo e não teve jeito.

O fato é que foram pouquíssimas as ocasiões em que chegamos a pensar na necessidade de chupeta. O João é uma criança bem tranquila. Até hoje, ao que parece, nunca teve cólica e, quando acordado, se chora é porque quer mamar ou está molhado e precisa ser trocado. Aliás essa acho que foi a orientação mais sensata que recebi de uma pediatra no hospital em que o João nasceu: "Nem pense em cólica nos primeiros dias. Se ele chorar é fome ou então ele precisa ser trocado. Se achar que ele está precisando de chupeta, deixe ele chupetar no seu seio". Bom... funcionou.

De uns tempos pra cá ele tem escolhido o dedão pra chupar eventualmente, e acho que foi isso que nos fez começar a pensar em qual seria nossa escolha afinal. Um dia colocamos a chupeta em sua boca e 10 segundos depois eu a tirei achando aquela figura do bebê com chupeta muito feia. Como eu disse lá em cima, sempre simpatizei mais com os bebês chupando o dedo. Desistimos por hora. Num outro dia em que o João estava alimentado, trocado, mas continuava chorando de tempos em tempos quando acordava de um soninho com pequenos sustos, decidimos tentar de novo. Ele cuspiu, repetidas vezes. Confesso ter sentido um certo alívio. Assim a escolha deixava de ser minha e passava a ser dele, ELE havia rejeitado a chupeta.

Nesse momento abro um parênteses para um desabafo: Eu fico um pouco preocupada com a ideia de acalmar um bebê com comida. Talvez porque eu procure me acalmar com comida e isso me traz um problema bem mala pra minha vida. Sobre esse assunto, inclusive, uma vez ouvi de uma mãe, que falava ao telefone com o marido, que a pediatra dela tinha orientado que ela não desse mamadeira para o bebê toda vez que ele chorasse, que ela tinha de esperar o horário da mamada. A mãe desse bebê era obesa e o bebê tinha mais ou menos a idade do João na época, menos de um mês.

Fechando o parênteses, ainda sem sentir muita utilidade para a chupeta, posso reafirmar que o João não precisa ser "pacificado" quase nunca, é um bebê tranquilo na grande maioria das vezes. Mas fica a questão que mesmo entre médicos ainda gera discussão... E nessa vida eu sempre prefiro ficar com as perguntas...

Enquanto isso, mamães, filhões, se quiserem me falar da experiência de vocês, como chupadores de chupetas ou dedos, e de seus filhos a gente continua juntando informações para o nosso compêndio da chupeta.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O exaustor

Então nós já temos nossa rotininha. Eu já sei que depois da mamada das 9h você não gosta de dormir. É a hora que a mamãe começa a pensar no almoço e desce pra cozinha. Você se acalma quando fica junto.



Amanhã você faz dois meses de idade e já está diferente de novo. Está maior, mais gordinho, sorri mais e hoje me surpreendeu com uma longa conversa. Cheguei do trabalho você estava sorrindo para o papai. Ele saiu pra trabalhar e me deixou com você aos sorrisos. Comecei a falar com você sobre nada, como sempre faço - conversinha típica de adulto com nenê -, quando você começou a responder com balbucios como se estivesse conversando. Até hoje você fazia um sonzinho que se parecia com "é!" mas hoje foram vários tipos de é!, ah!, oh! enriquecendo nossa conversa.



Ontem foi dia dos pais e é impressionante como você é vidrado no seu pai. Quando ele chega e você ouve sua voz arregala os olhos como se prestasse atenção. Quando ele entra no seu campo de visão você fixa os olhos nele e o presenteia com sorrisos. Já na barriga eu sentia sua reação ao ouvir a voz do pai chegando em casa, você se mexia, chutava e reagia à sua voz quando ele cantava pra você. Pudemos ver isso fora da barriga também enquanto ele canta as mesmas músicas. É incrível e emocionante.

É no dia a dia que vamos descobrindo suas preferências e seu ritmo e é uma delícia te descobrir. A descoberta mais recente foi a do barulho do exaustor. Como te acalma! Com os olhos pesados ao som do exaustor, ligado só pra você, você embala agora num soninho gostoso enquanto a mãe vem registrar essas delícias para que você possa saber de tudo isso mais tarde.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

É tudo uma questão de perspectiva.


Ontem o João perdeu sua primeira roupinha, não serve mais. Isso pra nós é motivo de grande alegria: ver o filhote crescendo, engordando. No entanto, já posso prever que, num futuro não muito distante, o que hoje é motivo de grande alegria pra nós será motivo de grande despesa!