sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Seis meses

Esta semana voou e você parece ter dado um fast foward no seu desenvolvimento. O dentinho apontou, você está se equilibrando melhor e já consegue ficar sentado por mais tempo sem apoio, está comendo a papinha mais rápido e sem estranhar o gosto. Tem definido melhor seus horários de sono e reclama se eles não acontecem. Está mais interativo, conversando mais, mais atento aos movimentos ao redor.

Como está muito calor a mamãe pode te deixar mais tempo no banho e como você curte!!! Bate perninha, joga água pra fora e sorri muito!

Esta semana também conheceu muita gente diferente e, de olhos muito atentos, investigou todos os rostos, cheiros, colos. O papai ficou longe da gente uma semana e fez muita falta. Nunca tínhamos ficado tanto tempo longe. Mas hoje ele chega pra passarmos o Natal juntos e ele prometeu que não vai te largar pelos próximos três dias...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O encontro com o bivô

Foi uma viajeira. Mamãe teve de se transformar em um super polvo pra carregar mala, carrinho, duas sacolas e você no canguru até o aeroporto. Quando passamos no raio-x a mulher do aeroporto perguntou se a mamãe estava sozinha e depois disse: "mãe acha força não sei onde...".

Chegamos em São Paulo de avião na sexta-feira e você reencontrou a vó Celia. Ela fez uma festinha pra te apresentar pras amigas e comemorar os seis meses de idade. Foi muita novidade pra você: o calor, as pessoas, o quarto... O papai ficou em casa e com isso você ficou um pouco chatinho nos primeiros dias.

No domingo fomos pra Atibaia. A tivó Ju veio te buscar em São Paulo e assim que chegamos o bivô Levy já estendeu os braços pra te pegar no colo. Ele te mostrou as plantinhas, emocionado. Quando perguntei a ele qual era a sensação de ver uma neta com um filho ele respondeu que era difícil. Acho que sente falta da bivó que você não conheceu, ela faleceu quando você ainda estava na minha barriga.

À noite ele te pegou no colo e deu a mamadeira. Pensativo disse alto: "Há setenta anos atrás...". Em que será que ele estava pensando? Durante os dois dias que passamos em Atibaia o bivô andava pela casa dizendo o quanto estava feliz com a sua presença. Que nunca imaginou que viveria pra ver um bisneto. Que rejuvenesceu 10 anos. Ficou estupefato com a criança calma que você é. Que você não chora. Que é sorridente. Foi uma felicidade muito grande pra mamãe poder viver este momento ao lado dele.

Sua tia avó Dorinha também te pegou no colo. Com você no colo ela jogou peteca com o Joaquim, filho da Ana Luisa, e você gargalhou. Todos rimos com você, foi uma delícia. Você também conheceu meu primo Levi e recebeu todos com olhos curiosos e bom humor.

Você curtiu muito as plantinhas e soltava gritinhos ao vê-las balançar ao vento. Sentiu muito calor. Fez festa no berço. Os mosquitinhos te picaram, mas nada abalou seu humor. Atibaia me lembra muito da minha infância, tive muitos momentos felizes ali, e agora mais um, com você.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Paraquedista

Te coloquei no berço. Você tombou pra um lado, tombou pro outro e virou de barriga pra baixo. Já faz um tempo que você aprendeu mas agora está mais rápido. De barriga pra baixo começa o esforço: na posição de paraquedista você faz força com a barriga pra manter a cabeça em pé. Faz força, força, força e solta. Chupa o dedo. Me vê e sorri, levanta a cabeça, retoma a posição de paraquedista e faz força, força, força. Tenta de um lado, tenta do outro mas não sabe o que fazer com o braço. Eu te olho, vejo seu esforço, você me vê e sorri. Cansa. Chupa o dedo. Começa a suar. Tenta de novo. Já girou no eixo e está em um lugar completamente diferente do inicial. Resmunga e eu me aproximo, mas espero. Você tenta. Resmunga, começa um chorinho e então eu te desviro. Imediatamente você vira de barriga pra baixo de novo e recomeça. Passaram-se 15 minutos, você insiste. Quando cansa, para e chupa o dedo. O olhinho vai pesando e você chora mais intensamente. Eu te desviro imediatamente você vira de lado e pesa um pouco mais o olhinho. E dorme.

Você já sabe como, meu filho. Logo logo você aprende mais essa.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Mães malabaristas imperfeitas

O papai foi viajar a trabalho e o microondas parou de funcionar. Está sendo nosso primeiro final de semana sozinhos. Bom, nós dois passamos a maior parte dos dias da semana sozinhos, tudo bem, mas o final de semana é o momento que o papai passa mais tempo com a gente.

Para passar o tempo programei de irmos no Cinematerna no sábado de manhã. Sábado é o dia em que os pais podem ir junto ao cinema por não estarem trabalhando, mas dessa vez o papai não pode ir. Antes de deitar planejei como seria de manhã, as mamadeiras precisariam ser fervidas no fogão, dar mama, preparar sua bolsa, trocar sua fralda, tomar banho, tomar café, por o carrinho no carro e seguir para o Shopping com alguma antecedência porque leva tempo pra te tirar e por no carro e usar o elevador. O filme era às 11h e nós ainda conseguimos chegar uns 15 minutos antes. Sair de casa com um bebê leva tempo, mas com quase seis meses de prática as coisas estão um pouco mais fáceis...

Foi já na sala de cinema que me dei conta de que tinha esquecido sua bolsa no carro, com fralda, mamadeira, paninho... Peguei você no colo e fui correndo pro carro antes que o filme começasse. Mas já no caminho fui procurando a bolsa na minha imagem mental e o meu medo se confirmou quando cheguei ao carro: tinha esquecido a bolsa em casa! Tantas vezes que fomos ao cinema e isso nunca tinha acontecido!!!!

Voltei correndo pro cinema determinada a sair caso você chorasse. Você tinha mamado antes de sair de casa, mas eu sabia que a fominha podia bater no meio do filme e talvez você não quisesse mamar no peito... Enchi a cara de líquido esperando que meu seio enchesse e desse leite na hora em que você precisasse. Tive dificuldade em me concentrar nos primeiros minutos do filme inconformada com a burrada.

Logo depois vc já começou a resmungar. Coloquei você no seio e você começou a sugar bem tranquilinho. Alguns minutos depois você dormiu agarrado no seio. E dormiu, dormiu, dormiu. Troquei você de lado, você enfiou o dedão na boca e dormiu, dormiu, dormiu. Quase no final do filme você acordou, estendeu a mãozinha, a colocou no meu rosto e estampou um sorrisão lindo pra mim. Foi quase como se dissesse: "Viu, mamãe, deu tudo certo!".

O filme era sobre as mães que trabalham e cuidam da casa, dos filhos, do marido. "Mães malabaristas". Mães que não conseguem descansar a cabeça um minuto porque tem sempre tudo tudo planejado como deve ser. É reconfortante e até engraçado saber que é isso mesmo, às vezes ficamos sobrecarregadas de tanta coisa pra pensar e fazer e não estamos sozinhas nesse mundo. Por outro lado, como é bom falhar e saber que pode ficar tudo bem apesar disso. E acima de tudo, sobrecarregada, atrapalhada, imperfeita: tudo vale se for por apenas um segundo daquele sorriso.